O Forte de São Paulo de Sepetiba, hoje desaparecido,
localizava-se na antiga povoação de Sepetiba, hoje bairro da Zona Oeste da
cidade (e Estado) do Rio de Janeiro.
Souza relata que a fortificação foi construída em 1818, em
um morro pouco elevado, formando duas reentrantes, uma com a praia de Sepetiba
e outra com as de Arapiranga e Piahi. Era composta de diferentes obras armados
com 19 canhões, que cruzavam fogo com os fortes de São Leopoldo e São Pedro
(SOUZA, 1885: 114).
O historiador Adler Homero menciona que o Forte foi
construído no plano de defesa de 1822, contexto da independência do Brasil e do
medo de uma possível invasão portuguesa (CASTRO, 2009: 359).
Desses 18 canhões, 12 eram de 12 libras, e o restante eram
caronas de 18 libras. Era uma construção extensa e possuía um desenho de sete
redentes. Em 1822, foi visitado por D. Pedro, sua construção foi supervisionada
pelo Tenente do Estado Maior José Antônio Alves, a mão de obra coube aos
soldados dos Henriques (milicianos negros) e escravos da Fazenda de Santa Cruz.
Era uma construção de faxina, havia um paiol, armazém e quartel (sem quartel
para inferiores) (Idem).
Garrido acrescenta que todas as fortificações entre a barra
de Guaratiba e Sepetiba (litoral sul do então Distrito Federal, antigo
Município da Corte), se encontravam, em 1838, sob o comando único do Capitão
Inácio Luiz Sodré (GARRIDO, 1940: 127). As fortificações de São Pedro, São
Paulo, São Leopoldo e mais Piahi, Uripiranga e Lameiro, se encontram
relacionadas entre as defesas do setor Sul ("Fortificações de
Sepetiba") no "Mapa das Fortificações e Fortins do Município Neutro e
Província do Rio de Janeiro" de 1863, no Arquivo Nacional (CASADEI, 1994/1995:70-71).
Ao longo do século XIX o Forte de São Paulo e as demais
fortificações na região foram perdendo a importância defensiva, e somado com as
explorações e aterros que se fizeram na região, o forte estava em ruínas em
1885 (Op. cit., 1885: 114). Hoje não há nenhum vestígio da fortificação.
Por me sentir um dos defensores e guardiões da história do Rio de Janeiro e sensibilizado pelo apagão da história de Sepetiba, busquei nos decretos do século XIX algo que me apontasse algo interessante. Tudo que encontrei até o final do século XIX está relacionado abaixo.
ResponderExcluirDecreto de 26 de julho de 1813 - autoriza o desmembramento da fazenda Santa Cruz e a demarcação de Sepetiba para povoamento para fins de atividades pesqueiras e agrícolas.
Decreto de 4 de fevereiro de 1823 - determina os descontos dos preços do açúcar que vinham das barras de fora de Campos, Macaé, Sepetiba e Ilha Grande.
Decreto de 30 de agosto de 1831 - anexa a s freguesias de Campo Grande, Sacramento, Sepetiba, Marapicú e a Fazenda Santa Cruz à Vila de Itaguaí.
Decreto nº 8.600, de 17 de agosto de 1882 - autoriza a construção da extensão da linha férrea entre Santa Cruz ao porto de Sepetiba e porto de Sepetiba e Paraty.
Decreto nº 1.047, de 21 de novembro de 1890 - autoriza ao Sr. Victor Manuel de Souza Monteiro a criação da Cooperativa do Consumo de Peixe, em forma de sociedade anônima, responsável pela venda e depósito dos peixes vindos de Sepetiba na Praça do Mercado junto a Praça XV e em filiais nos principais pontos da cidade..
Decreto nº 3.334, de 5 de julho de 1899 - regula a capitania dos portos afirmando que o porto de Sepetiba pertencia à Capitania do Rio de Janeiro.
A respeito dos fortes de Sepetiba na encontrei decretado. Eu utilizei o site da Câmara dos Deputados Federais que possui acervo das leis do império de da república digitalizados. A respeito do porto de Sepetiba creio que deveria ser apenas um pequeno ancoradouro que servia como entreposto de Paratí e da Ilha Grande e muito distante das dimensões de um porto como conhecemos. O que se pode concluir é que esse ancoradouro perdeu a importância com a construção da linha férrea que ligava Santa Cruz a Paratí. A atividade pesqueira, como até os dias de hoje, sempre foi artesanal e só foi impulsionada no final do século XIX com a criação de uma Cooperativa organizada por um Victor Manuel, que viria a ser um empresário bem sucedido no início do século XX.
Continuarei a pesquisar sobre o bairro.
Abraços
Marco Aurélio Valente