O ecomuseu de Sepetiba
surgiu enquanto movimento no ano de 2008, formado por um coletivo de moradores
e apaixonados por história e memória que buscaram a partir da divulgação da
história e memória local a valorização do bairro de Sepetiba, localizado na Zona
Oeste da cidade do Rio de janeiro.
A primeira ação
realizada por este coletivo foi a comemoração pelos 441 anos do bairro, após
pesquisa os membros do então “movimento Ecomuseu de Sepetiba" realizaram
exposição de fotos e documentos acerca da história do bairro, bem como
realizaram uma pequena ação de educação patrimonial com as crianças presentes
neste evento.
Neste primeiro momento
ainda não saberiam que estavam “fazendo museologia”, apenas “deram nome” às
suas ações com a realização da roda de lembranças em outubro de 2009, incluída
na programação da I jornada de formação em museologia comunitária realizada
pela ABREMC (Associação Brasileira de Ecomuseus e museus comunitários) em Santa
Cruz, bairro da Zona Oeste da cidade do Rio de janeiro. Neste momento ao
conhecerem Hugues de Varine, e contarem suas ações e experiências descobriram
que estavam “fazendo museologia comunitária”, e desde então se reconheceram
enquanto processo ecomuseológico.
No ano de 2010 os
membros deste coletivo iniciaram os passeios de Reconhecimento, passeios estes
destinados inicialmente aos moradores do bairro e adjacências, pois objetiva o
reconhecimento por parte destes, busca atingir o morador e assim desencadear um
processo contínuo de valorização, enaltecimento e desenvolvimento local a
partir da valorização dos patrimônios existentes no território que abarca.Neste
mesmo ano recebemos a visita da museóloga e grande incentivadora Odalice
Priosti, chamada por nós carinhosamente de “Doula”, que nos brindou com uma oficina
intitulada “O que são ecomuseus e museus comunitários”,para melhor compreendermos o que estávamos iniciando.
No ano de 2012, esse
processo culmina com a participação no IV Encontro internacional de Ecomuseus e
museus comunitários realizado no mês de Junho em Belém/ Pará, com apresentação
e publicação de trabalho, apresentação de Pôster e realização de oficina.Vale
destacar que neste processo recebemos a visita do historiador francês e também
nosso grande incentivador, Hugues de Varine três vezes, o que nos estimulou
ainda mais e nos orientou como seguir esse caminho de reconhecimento.
No ano de 2013 os
membros do agora “Ecomuseu de Sepetiba” determinam uma periodicidade para
realização dos passeios de Reconhecimento e participam da 23ª Conferência
internacional de museus ICOM, realizada
na cidade das Artes, localizada no bairro da Barra da tijuca , na cidade do Rio
de janeiro, em agosto deste mesmo ano, com apresentação de trabalho no ICR.
Os agora chamados
passeios de Reconhecimento e de Ecoturismo, já realizados mais de 50 vezes com uma média de 30 visitantes por passeio, são realizados todo primeiro
domingo do mês e determinam uma localidade específica, saída da Praça
Washington Luis, a praça que abriga o icônico coreto de Sepetiba, conhecido
pela dramaturgia brasileira por ter sido palco dos discursos de Odorico
Paraguassu, personagem emblemático da primeira novela em cores da TV
brasileira, bem como ser conhecido como o coreto mais antigo da cidade, pois
antes de sua transferência para Sepetiba no ano de 1949 em ocasião da inauguração
da luz elétrica no bairro, foi inaugurado na praça XV de novembro, no Centro da
cidade do Rio de janeiro, no ano de 1903, onde ficou até 1949. Nesta mesma emblemática praça encontra-se a Bica d'água inaugurada em 1928, iniciando o abastecimento de água encanada na região.
O quarteirão onde se
localiza o referido coreto é de suma importância para os moradores do bairro
devido ao fato de ser um referencial
para a história e memória local, pois nele encontrava-se a sede da companhia
Ferro Carril, “A casa de esquina” de
Aureliano Coutinho, o visconde de Sepetiba, a colônia de pescadores Z-15, uma
das mais antigas do estado, a Igreja de São Pedro, inaugurada em 1895, o Clube
Regatas de Sepetiba, clube mais antigo do bairro e a simbólica cruz que
desperta o imaginário local que encontra-se em frente a colônia de pescadores
Z-15.
Neste mesmo quarteirão
emblemático para o bairro também encontrava-se a antiga torre do incinerador da
COMLURB, Companhia de limpeza urbana da cidade do Rio de janeiro, que vale
ressaltar, sempre vem participando dos mutirões de limpeza e conscientização
realizados pelo Ecomuseu de Sepetiba desde o ano de 2013. Mais à frente
localizava-se a mais antiga escola do bairro, a Escola municipal Nair da
Fonseca.
Após a história contada
neste importante quarteirão do bairro os visitantes e moradores seguem em
direção ao portão sul da base aérea de Santa Cruz, onde os “guias” (monitores) moradores
do bairro, lembram as narrativas dos antigos moradores em frente a saudosa
Praça da Iáiá, antiga moradora, caiçara (talvez retirar), que naquele local se
sentava para descansar e onde hoje encontra-se uma pequena placa já danificada
em sua memória, dali partem para o ápice deste passeio de reconhecimento, o
caminho do antigo cais imperial, mas antes disso, os guias falam sobre a existência
de três fortes construídos a mando de D. João VI em Sepetiba, o primeiro logo
em frente a esta significativa praça, chamado forte de São Pedro, onde hoje
localiza-se o Radar da Base aérea de Santa Cruz(ainda hoje ponto estratégico de
observação), o segundo instalou-se na localidade conhecida como Santíssima
Trindade até o final do século XX, hoje
Morro do mirante, chamado de Forte de São Paulo. E o terceiro no conhecido
Morro do Ipiranga, que fica na divisão entre as conhecidas da praia do
Recôncavo ou Dona Luíza e praia do Cardo. Esses fortes estão devidamente
especificados no livro história das fortificações do Brasil.
O caminho do antigo
cais imperial em Sepetiba possui aproximadamente 750 metros de extensão,
percorrendo esta extensão os visitantes e moradores podem apreciar os
patrimônios naturais desta localidade, o rico mangue, cheio de vida que mesmo
em meio a toda degradação segue firme, com a presença das três espécies de
mangue, preto, branco e vermelho, os sambaquis, que apontam e confirmam a
presença indígena na região, auxiliando na compreensão da ocupação do litoral
carioca, a baía de Sepetiba, que abriga a maior população de botos cinza da América
latina, chegando ao antigo cais, de onde partiam vapores com destino à Paraty,
Angra dos Reis e até mesmo Santos, de onde era transportada a mala real, o
quinto do ouro dentre outros, no caminho também nos deparamos com a ilha do
Marinheiro, antes ilha da Pescaria, cenário da tragédia ocorrida no ano de
1894/1895, o fuzilamento dos 21 marinheiros, durante o período da revolta da armada.
Também no ano de 2013
participamos a convite da Rede de
museologia social do Rio de janeiro da Teia Rural, realizada em Lumiar (Nova Friburgo), fortalecendo nossa iniciativa
e aprendendo com outras experiências.
O Ecomuseu de Sepetiba
no ano de 2014, sem incentivos e apoio financeiro, apenas com o auxílio e
contribuição de seus membros realizou seu primeiro colóquio, "Ecomuseu de Sepetiba: Agindo, pensando
e transformando ! Um Museu de ação !" Colóquio idealizado e organizado
pelo Ecomuseu de Sepetiba com apoio do MTD (Movimento territórios diversos) e
do Centro comunitário Santo Expedito e São Vicente de Paulo, neste importante
evento para o fortalecimento da iniciativa recebemos a biomuseóloga baiana Rita
de Cássia Pedreira e a mestre em memória social Inês Cordeiro Gouveia que faz
parte da REMUS, rede de museologia social do Rio de janeiro.Neste mesmo ano
realizamos ação de conscientização e limpeza em parceria no caminho do antigo
cais com o instituto IEVA.
No ano de 2014 o
Ecomuseu de Sepetiba esteve presente na Teia nacional da diversidade, realizada
em Natal. Desde o ano de 2014 o Ecomuseu de Sepetiba participa da semana
nacional de museus. No ano de 2014 o Ecomuseu de Sepetiba também esteve
presente no Evento realizado pelo MAR (museu de arte do Rio) “Um mar de museus”
apresentando sua experiência. Neste mesmo ano recebemos a visita de uma
estudante polonesa interessada nos processos ecomuseológicos.
No ano de 2015 o
Ecomuseu de Sepetiba esteve presente no V encontro internacional de Ecomuseus e
museus comunitários, realizado na cidade de Juiz de Fora na UFJF, com
apresentação de duas comunicações.
O Ecomuseu de Sepetiba
vem realizando ações de educação patrimonial junto às escolas locais, como o
CIEP Ministro Marcos Freire, O Centro Educacional Ordonez, Colégio Oliveira Mallet, Escola Municipal Nair da Fonseca entre outros desde o ano de 2014. Também tem participado do
Fórum Rio (Ideias para a cidade metropolitana) desde a sua primeira edição, do
Fórum Modelar a Metrópole dentre outros eventos que buscam debater e procurar
soluções para a cidade.
No ano de 2016 o
Ecomuseu de Sepetiba firmou parceria com a Rede Acordar de artesãs da zona
Oeste, iniciou sua participação na Pastoral do meio ambiente de Sepetiba e
participou apresentando sua experiência no Colóquio Cartografias artísticas e
territórios poéticos organizados pelo Instituto Tear, também participou com
apresentação de oficina da IV jornada de formação em museologia comunitária,
realizada no Ceará, na cidade de Maranguape, Pacoti e Aquiraz. O Ecomuseu
também esteve presente no Simpósio da Associação brasileira de Ecomuseus e
museus comunitários em São José dos Campos, no ano de 2016.
No ano de 2016 também
começamos um
trabalho muito gratificante com as marisqueiras do Recanto do Ipiranga,
localidade de Sepetiba, realizamos um passeio de Reconhecimento pela Estrada da
Estiva, localidade esquecida de Sepetiba, verificando o descaso das autoridades
com o local, intermmediamos a participação do Escritor André
Mansur no aniversário de Sepetiba com o lançamento do seu livro na semana de
Sepetiba, e participação na semana de Sepetiba, participamos do plantio de
árvores no bairro de Santa Cruz, realizamos uma visita técnica às ruínas do
matadouro de Santa Cruz, fomos reconhecidos e tivemos matéria publicada sobre
nossos passeios no jornal o globo/extra caderno zona oeste, também na página no
Facebook.com do projeto COLABORA, fomos convidados do café literário do CIEP
Ministro Marcus Freire, do Aniversário de 80 anos do Hangar do Zeppelin na Base
aérea de Santa Cruz dentre muitos outros eventos e ações em que estivemos
presentes ou fomos realizadores. Também recebemos um dos idealizadores do Pé de
moleque roteiros culturais.
Vale lembrar que no
decorrer dessses quase oito anos, também realizamos passeios de reconhecimento na
APA das Brisas, bem como ações de conscientização ambiental, sinalização de
trilha e limpeza por lá, além dos nossos já tradicionais mutirões de limpeza
realizados no caminho do antigo cais, em Sepetiba.
Esses são apenas alguns
dos nossos trabalhos, parcerias e realizações.
O ano de 2017 se inicia
com o Ecomuseu de Sepetiba realizando mais um passeio de reconhecimento e de
Ecoturismo mas incluindo aí a ação de conscientização e recolhimento de
resíduos em parceria com a Comlurb, também serão realizadas ainda no mês de
janeiro oficinas de artesanato com reaproveitamento de materiais e oficina de
Pallet, bem como pretende-se ainda no primeiro semestre de 2017 realizar-se um
simpósio durante a semana de museus no mês de maio, além de iniciar a parceria
com o centro Comunitário Santo Expedito e São vivente de Paulo na biblioteca,
que ao que tudo indica iniciará as atividades ainda em Fevereiro!